A Primeira vez na escola....

Chegou a hora...
Meu filho está crescendo e escolhi uma escola para ele. Mas como será sua inserção a esse novo espaço?
Será que vão tratá-lo bem?
Será que as educadoras darão conta de tantas crianças?
Ele ainda não fala direito, será que vão entendê-lo?
Será que vão ter paciência com ele?
Caso ele chore muito, se recuse a entrar em sala, como devo proceder?
E se ele não gostar da professora?
A inserção da criança na Educação Infantil é, muitas vezes, sua primeira vivência fora de casa e dos hábitos familiares. Alguns comportamentos são esperados no decorrer do processo de adaptação à nova rotina: choro, falta de apetite, inquietação, timidez, alteração no sono, entre outros. Para alguns, a separação é muito sofrida, para outros, nem tanto.
O fato, porém, é que a inserção é um processo com avanços e retrocessos, que exige da família compreensão, paciência, afeto e, principalmente, convicção de que está fazendo o melhor para a criança.
O conhecimento por parte dos profissionais da escola das características sociais, afetivas e cognitivas de cada faixa etária auxilia tanto na compreensão das necessidades específicas, quanto na organização das atividades lúdicas para envolver a criança. Também é necessário conhecer um pouco dos hábitos e preferências, para que ela seja acolhida com alguns aspectos que lhe sejam familiares (brinquedos, objetos, etc).
Acreditamos que no período de adaptação da criança, a escola funcione como facilitadora e mediadora deste processo e deve preparar-se para receber e trabalhar com todos os envolvidos nesta etapa (criança, família e educadores). Compete à instituição tranquilizar os pais neste período e um dos meios para se atingir isto é o diálogo aberto entre a família e os profissionais da escola.
Algumas dicas importantes:
1) Sempre explicar para a criança (em qualquer idade, mesmo sendo bebê!) o que vai acontecer, sobre essa mudança de rotina, passando segurança que essa foi a escolha da família e que será o melhor para ela. Essa conversa não deve acontecer com tanta antecedência da adaptação para não gerar ansiedade na criança de algo que vai demorar muito para acontecer.
2) Não faça comentários negativos perto da criança, por exemplo: ”já sei que vai entrar na escola e vai começar a ficar doente”; “sei que lá não vai ter a mesma atenção que tem em casa”, entre outros.
3) A pessoa que vai acompanhar a adaptação deve ter conhecido a proposta da escola e desejar que a criança se adapte. Familiares ou babás que desejam cuidar da criança, mesmo inconscientemente, muitas vezes atrapalham esse processo, pois não conseguem transmitir segurança e tranquilidade para a criança.
4) Nunca saia sem se despedir, a criança precisa vivenciar esse momento e entender e saber, por você, que no final do período ele voltará para a casa. Mesmo que a criança chore inicialmente ela vai se acostumando com essa rotina de despedida. O choro é sempre muito maior quando a criança acha que a figura de referência está ali, procura e não encontra, gerando insegurança e dúvida se voltará a vê-la.
5) Não prolongue a despedida! Explique objetivamente, porém de forma afetiva. Não se esqueça de que o seu corpo fala! Muitas vezes observo adultos dizendo para a criança ir com a professora, mas a seguram no colo como se não quisesse soltá-la. Ou a expressão facial não transmite segurança, e sim pena da criança, como se ela estivesse entrando num cativeiro e não em um lugar rico de possibilidades de troca, de aprendizado e de afetividade.
6) Procure conhecer todas as regras da escola e não se atrase para pegar o seu filho no horário de saída. Isso pode gerar angústia e medo de ter sido esquecido!

7) Evite bombardear a criança de perguntas ao sair da escola. A maioria dos adultos não chega em casa fazendo um relatório verbal de tudo o que aconteceu no seu trabalho, mas exigimos que a criança faça. Isso pode acabar estressando a criança, deixe que ela fale naturalmente, nas situações cotidianas o assunto vai acabar surgindo e aí você pode traçar um diálogo, sem a criança se sentir interrogada e tendo que falar sobre algo que não deseja naquele momento. E isso não significa que a experiência não tenha sido prazerosa, simplesmente ela não quer compartilhar. Aliás, esse é um dos aspectos essenciais que marcam a socialização da criança ao entrar na escola! É a possibilidade de experimentar algumas situações longe dos olhos da família. Mas, assusta alguns pais que querem ter o controle absoluto de tudo o que acontece com o filho e acabam fazendo interrogatórios diários, levando a criança muitas vezes a responder a primeira coisa que lhe vem à cabeça só para se livrar da situação.
Se a criança percebe que os pais confiam em quem está com ela na sua ausência, certamente confiará também e o processo de adaptação será mais tranquilo.
(Psicóloga da Creche Studio da Criança e
Professora Adjunta do Faculdade de Educação da UERJ)